Guia de sobrevivência digital na China

Quando se planeja uma viagem à China uma coisa é certa: se você não é fluente em mandarim e nem conhece aqueles caracteres chineses você vai conseguir fazer praticamente nada se não contar com um smartphone bem preparado e uma boa conexão com a internet.

Esqueça tudo que você considera “normal” no seu dia a dia. Esqueça também muitos dos recursos que você já usou em viagens pela América latina, Estados Unidos ou Europa. Tudo na China é diferente. Para se comunicar, se locomover, até pra pagar as contas, você não vai fazer como está acostumado em experiências anteriores no mundo ocidental.

Abaixo elenco algumas dicas para facilitar a viagem de quem se prepara pra ir para a China. Detalhes importantes para se fazer antes mesmo de sair do Brasil. Algumas delas eu mesmo preparei antes de viajar  e outras que eu só aprendi batendo cabeça ou debatendo com outras pessoas que já viajaram pra lá.

Internet é fundamental

Dá pra correr uma maratona descalço? Ou calçando havayanas? Ou de salto alto? Teoricamente, dá! Mas correr de tênis é melhor, não?

Dá pra viajar pela China sem usar a internet? Ou confiando em encontrar wi-fi pelo caminho? Teoricamente, dá! Mas é mais fácil correr a maratona descalço.

É possível viajar já com um chip habilitado para funcionar na China. Basta fazer o pedido com antecedência na EasySim4U, que é revendedora autorizada dos chips da americana T-Mobile. O site apresenta várias opções de planos para funcionamento em diversas partes do mundo. Na minha viagem optei por usar um chip deles, que funcionou tanto na China quanto no México, onde era minha escala. É uma grande comodidade. Basta checar qual o pacote ideal para seus planos e seu orçamento.

Outra opção é pegar um chip local já na China. No aeroporto de Shanghai há pelo menos um quiosque com chips a venda 24 horas por dia, logo após o setor de imigração, antes de sair da área de desembarque. Conheço pessoas que compraram o chip lá e que usaram perfeitamente. Já outras tiveram problemas em menos de dois dias. Então não posso atestar que funcionem sempre.

Importante é não ficar totalmente sem internet, pois sem ela não há como fazer uso dos aplicativos extremamente úteis para o dia a dia da viagem. Nesse caso, encare a aquisição de um bom plano de dados como um investimento para que tudo corra bem do outro lado do mundo.

VPN: Driblando barreiras virtuais

Existe uma lenda de que a Muralha da China é a única construção humana visível da lua a olho nu. Mas o país tem outra barreira, invisível, mas bem perceptível para os viajantes. O governo chinês exerce forte controle sobre a internet e estabeleceu o bloqueio de diversos sites populares no ocidente, especialmente redes sociais, como Facebook e Instagram.

Então, se você não quiser esperar a volta ao Brasil para dar os parabéns no aniversário do chefe ou para postar aquela foto na frente do templo budista, você terá que baixar um aplicativo de VPN. Explicando de uma forma bem leiga e grosseira, o VPN faz você parecer que está virtualmente em outro lugar, fora da China, onde não há qualquer tipo de bloqueio, tornando acessíveis sites e aplicativos que seriam normalmente bloqueados.

Eu usei o ExpressVPN, que funcionou direitinho, mesmo após o fim do período gratuito de testes. Uma busca na sua loja de aplicativos pode mostrar dezenas de outras opções, gratuitas e pagas. Sugiro baixar umas três ou quatro opções antes da viagem, para poder testar na prática qual funciona melhor no seu caso.

Atenção: caso escolha baixar algum aplicativo com pagamento de mensalidade, nãos se esqueça de ficar atento para o período de sua viagem, pra depois pedir o cancelamento do serviço quando não precisar mais.

WeChat e AliPay: o meio de pagamento do futuro já começou na China

Os chineses têm um sistema de pagamentos bastante peculiar. Sem contar os pagamentos fetios em dinheiro, claro, a maioria das transações são feitas através de aplicativos que efetuam a transferência de valores entre seus usuários. Creio que este seja o futuro que um da chegará ao Brasil, mas que já se espalhou na China. Os aplicativos mais usados para esse tipo de transação são o WeChat e o AliPay.

WeChat é o mesmo aplicativo que no Brasil é mais conhecido para troca de mensagens e azaração. Na China, além de ser usado para se comunicar com as pessoas, ele serve para troca de dinheiro e para hospedagem de sites de determinados locais. Lá, ao invés de abrir uma página do Facebook (que é proibido no país) eles abrem uma página no WeChat.

AliPay é outro aplicativo polivalente na China. Ele pertence ao mega grupo AliBaba (o mesmo que muitos brasileiros conhecem por meio do AliExpress, site para compra de produtos chineses no exterior). Ele reúne, num único aplicativo, funções correspondentes ao Messenger, Facebook, Twitter, Instagram, além de servir também como meio de pagamento.

Ambos os aplicativos funcionam de forma semelhante. Os valores são transferidos de uma conta para a outra (ou do cliente para o vendedor) mediante a leitura do correspondente QR Code. Às vezes o cliente lê o QR Code do lojista. Às vezes é o lojista quem lê o QR Code do cliente. Em quaisquer das situações, tudo é feito de forma imediata, segura e online.

 A parte inconveniente é que, para essas transações, os aplicativos só cadastram cartões de débito chineses, o que os tornam inacessíveis aos ocidentais mais incautos. Eu mesmo passei muita raiva por não poder usar em determinadas situações nas quais meu cartão de crédito não era aceito.

Voltando de viagem conheci um brasileiro que ficou um mês na China e me disse que resolveu essa situação de forma bem simples. Conversando com chineses que ele conhecia, ele resolveu entregar a eles o dinheiro vivo e, em troca, o chinês fazia a transferência online para a conta desse brasileiro. Assim ele ficava com o crédito para poder ser usado no dia a dia.

A primeira vista pode até parecer besteira, mas acreditem: ter WeChat e AliPay funcionando corretamente pode ser muito útil na China. Por exemplo, no metrô de Shanghai as máquinas pra compra e abastecimento dos cartões de transporte só aceitam estes meios de pagamento, e não são todas as estações que possuem guichê para compra/abastecimento em dinheiro.

Atenção: muito por conta do uso desses aplicativos de pagamento, grande parte dos estabelecimentos chineses não aceitam cartões de crédito ocidentais, como as bandeiras MasterCard ou Visa. Diria que eles são aceitos em apenas cerca de 30% dos lugares, em se tratando de lojas maiores e atrações mais turísticas. Vai ser difícil conseguir usar na vendinha da esquina ou na lojinha de conveniência do posto de gasolina.

Então, antes da viagem, baixe e se cadastre nesses dois aplicativos.

Didi: deslocamento sem trapalhadas

Mais conhecido como o Uber chinês, o Didi é o aplicativo de transporte particular mais usado no país. Não faz muito tempo que lançaram a verão em inglês do aplicativo, tornando-o mais palatável aos ocidentais. Recomento baixar e cadastrar o cartão de crédito antes da viagem, para não ter problemas com códigos de confirmação. Graças a Buda, o aplicativo aceita cartões de crédito ocidentais!

O Didi é extremamente útil para se evitar problemas de endereço errado, para conferir o trajeto feito pelo motorista e, principalmente, para evitar problemas com taxistas que insistem em querer cobrar além do valor do taxímetro se você é estrangeiro. O valor das viagens é similar ao do valor coreto do taxi. A tranquilidade de uma viagem mais tranquila e segura não tem preço!

Tradutores: não saia de casa sem eles

Sabe aquele curso de mandarim que você fez durante cinco anos pra aprender cada caractere chinês? Não??? Pois é, eu também não sei, porque eu também não fiz, e nem se tivesse feito acho que entenderia bulhufas do que eles falam ou escrevem.

Sabe os anos de inglês (no colégio, no cursinho, etc.)? Sabe todo seu conhecimento teórico de estudos? Sabe o tanto que seu inglês te ajudou a se virar em viagens à França, Holanda, Alemanha, onde todo mundo fala inglês? Esqueça. Mesmo em Shanghai, cidade mais globalizada da China, a maior parte da população não fala inglês. Entre os que supostamente falam, você vai conseguir de comunicar de verdade com poucos.

Na minha experiência na cidade, nem mesmo os recepcionistas do hotel (de uma famosa rede internacional ocidetal, a Holliday Inn) falavam inglês. De verdade, acho que o único lugar em que eu consegui ter um diálogo decente em inglês foi na Apple Store. Fora isso, a resposta para todo “Do you speak English?” ou foi uma cara de dúvida ou um acanhado “A little!”, carregado de sotaque.

Por essas coisas é fundamental baixar alguns aplicativos de tradução, para poder se comunicar co os locais e também para conseguir ler alguns cardápios e rótulos em chinês.

O Google Tradutor já é um bom quebra galho. Dá pra tirar fotos de escritos em chinês e colocar pra traduzir aquilo que você precisa. Você também pode digitar o que quer falar e converter para mandarim. Daí você mostra o texto traduzido pra pessoa com quem quer falar.

 Existe também o Converse, que tem uma proposta mais ambiciosa, de fazer tradução simultânea de voz entre os idiomas. Nem sempre funciona, mas é um bom recurso, e quanto mais opções você tiver à disposição, melhor.

Independente de quantos aplicativos de tradução você usar, uma coisa é certe. Você vai voltar da China com mestrado em mímica e craque pra jogar Imagem e Ação em nível hard!

Mapas: se oriente no Oriente

Você pode usar o Google Maps na China apenas em modo online. O aplicativo não dá a possibilidade de se baixar os mapas das cidades para uso offline. De qualquer maneira, outro aplicativo bem conhecido que funcionou até melhor na china foi o Maps da Apple. Ele costumava ter localização mais precisa e indicar caminhos melhores que o aplicativo do Google.

Essas duas ferramentas são bem úteis principalmente para definir trajetos a serem feitos de carro (para fica de olha quando estiver em um taxi ou em um Didi) ou de metrô (quais linhas pegar, em quais estações descer, qual a melhor saída da estação para o seu destino).

Como ninguém gosta de se perder em nenhum lugar do mundo (especialmente do outro lado do mundo), sugiro baixar também pelo menos mais um aplicativo de mapa offline, além do aplicativo oficial do metro, que é bem útil e tem a raridade de ter uma interface amigável.

Pra finalizar

É claro que a China é um destino bastante exótico e há muitas outras dicas que pretendo passar aqui no site para quem quiser se aventurar no oriente. Esta publicação reúne apenas algumas coisas interessantes pra serem realizadas ANTES de embarcar para lá, que podem fazer toda a diferença na experiência da viagem. Este é literalmente o post que gostaria de ter lido antes de viajar pra China. Espero que seja útil para quem se prepara para viajar para lá.

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